sexta-feira, 18 de abril de 2014

90. A Percepção Extrassensorial (ESP)

Lembro-me muito bem de certa noite do ano letivo de 1986 (última passagem do cometa de Halley, cheguei até a passar por dificuldades para adquirir um pequeno telescópio). Nessa noite, a aula na universidade era de Geometria Analítica e Álgebra Linear, o quadro-negro estava lotado de equações derivadas e integrais para responder ao problema proposto: quantas dimensões existem? – Depois de três horas de formalismo matemático, chegamos à resposta teórica mais simples possível: “n”. Ora, em matemática o “n” quer dizer qualquer número imaginável, no caso, maior que zero e inteiro. Hoje, os físicos vislumbram de 9 a 11 dessas dimensões e nós, em nosso mundinho cúbico e euclidiano, nos acostumamos a viver com apenas três delas: extensão, profundidade e altura. E é desta maneira que boa parte das almas vê o mundo. Galileu Galilei (1564-1642), Isaac Newton (1643-1727) e todos os viventes que vieram depois deles até o início do século passado estavam presos nesta gaiola tridimensional do geômetra Euclides (360-295 a.C), que explicava com certa racionalidade e satisfatoriamente o mundo. Todas as verdades cabiam neste sistema espacial e por ele eram explicadas.
Felizmente, o espírito do homem não aceita verdades eternas, duvidou da verdade do quinto postulado de Euclides, aquele das retas paralelas, e elaborou as geometrias não euclidianas, ponto de partida para Albert Einstein (1879-1955) desenvolver suas modernas teorias. A partir de Einstein ficamos sabendo que a matéria não passa de energia condensada e que o espaço tinha mais um companheiro, o tempo. Uma enorme mudança no nosso modo de ver o mundo, porque teríamos que aceitar coisas como o limite da velocidade da luz, o Universo curvo e paradoxos dos mais diversos, como o dos gêmeos, em que um deles, numa suposta viagem espacial, com velocidade bem próxima a da luz, simplesmente retornaria ao planeta mais novo do que o gêmeo que aqui ficou.
É evidente, que grande número de pessoas não consegue conjugar essa nova dimensão dentro do seu mundo conhecido e isso nos parece muito natural. Nesses não mais de 10 mil anos de processo de aquisição de conhecimento, em que desenvolvemos a escrita e deixamos de polir pedra para trabalhar com a eletrônica, somente na última centena de anos é que passamos a “treinar” para a percepção das quatro dimensões. Por milhares de anos, tudo em nós tem funcionado para o mundo cúbico. Nossos sentidos, por treino de gerações, só percebem a realidade objetiva tridimensional do instante a ser processado em nosso cérebro. Depois, o cérebro organiza essas percepções sensoriais, separa o que lhe parece útil, e as guarda naquilo que chamamos memória, que nada mais é do que um arquivo de instantâneos perceptivos não lineares, prontos para serem evocados a qualquer tempo. Ou seja, nosso treino nos ensinou a lidar relativamente bem com o que passou e com o que acontece no presente, porém ainda não nos ensinou a perceber o futuro, um dos componentes do tempo.
Ainda não compreendemos o tempo em todas as suas possibilidades, assim como o homem primitivo não compreendia as causas do raio e do trovão, somente seus efeitos geralmente nocivos para ele. Heródoto nos conta que havia um povo que atirava lanças contra as manifestações desses fenômenos meteorológicos, na vã tentativa de afastar deuses que os provocavam. E assim se dá por toda nossa história, tudo aquilo que não conseguimos entender é imediatamente encaminhado ao departamento do sobrenatural para ser alvejado pelas lanças do preconceito e incompreensão, para não dizer ignorância mesmo.
É de se imaginar como seria o mundo de hoje, se algum feiticeiro, ao ver o fogo, tivesse dito aos de sua aldeia que era preciso explicá-lo para depois usá-lo. Certamente, ainda estaríamos polindo pedras em nossas cavernas sem saber que ali, numa inútil e proibida fogueira, tínhamos uma simples reação química combinando carbono com oxigênio. E é dessa forma que estamos lidando com os fenômenos premonitórios, desejamos uma explicação de causa e ignoramos seus efeitos e benefícios. Algo explicável até certo ponto, porque a Ciência ainda se prende ao cartesianismo causal, ao determinismo matemático e que, creio, deixaram esse mundo há muito tempo.
É sabido que utilizamos não mais do que a vigésima parte da capacidade cerebral, assim como é sabido que a natureza não costuma deixar espaços em branco nos organismos que se desenvolvem sobre o nosso planeta. No estudo da Evolução, verificamos que órgãos sem função ou utilidade são sacados dos organismos vivos. Então, é de se pensar a que, e para que, serve este grande vazio em nossos cérebros. Ora, o raciocínio em resposta nos parece lógico, já que utilizamos uma pequena parte dele na percepção do mundo tridimensional, o restante estaria disponível para diversas funções para as quais ainda não temos o entendimento perfeito, as outras dimensões, por exemplo, ou as chamadas Percepções Extrassensoriais (ESP), do inglês Extrasensory Perception. Novamente apelo para o raciocínio lógico, quando aprendemos a falar e a escrever, o cérebro já estava preparado para isso, de tal sorte que, quando aprendermos a estabelecer contato com outras dimensões, o cérebro também estará preparado para tal.
Recentemente, a comunidade científica torceu o nariz para as pesquisas do renomado psicólogo e físico Daryl J. Bem (1938-) publicadas no Journal of Personality and Social Psychology e que aqui no Brasil mereceu matéria e chamada da capa da revista semanal “Isto-É”. Em sua pesquisa, Daryl relata nove experimentos feitos com mais de mil universitários e que comprovariam a existência do fenômeno ESP.
“Segundo Bem, em oito dos nove experimentos houve um índice de acerto acima do que é considerado coincidência ou obra do acaso. Também foi feito um teste no qual o aluno escolhia se queria arriscar mais nas respostas ou se desistia de tentar. ‘Os que aceitaram correr mais riscos foram os que tiveram mais acertos’, conta Bem. O psicólogo é cuidadoso ao tirar suas conclusões, mas acredita que todo mundo pode ter capacidades precognitivas, embora uns as tenham mais desenvolvidas do que outros. Também explica que as percepções extrassensoriais são frutos do processo evolutivo no qual antever situações de perigo ou propícias à reprodução se tornaram vantajosas ferramentas de sobrevivência. Isso ajudaria a comprovar a existência de premonições.” [Isto-É, 9/03/2011].
Como disse anteriormente, a sociedade científica ficou atônita diante das conclusões de Daryl J. Bem. Os questionamentos são vários: o método de aferição dos resultados; os instrumentos utilizados etc. Na realidade, os detratores de Daryl não se contentam somente em ver a ferida nas mãos do crucificado, eles desejam tocá-las. É como se um médico nos dissesse que estamos com febre e que ela existe de fato, mas o culpado pela febre seria o termômetro por estar mal ajustado e não a doença.
Aqui, neste livro, fico satisfeito em apenas ver de longe a ferida, sem querer por meus dedos nela. Para que bem me entendam, contento-me somente em aquentar-me ao lado da fogueira sem querer explicá-la. Dedico-me, portanto, aos efeitos e não às causas e deixarei aos que a isso não compreenderem, a liberdade de arremessarem suas lanças no raio e no trovão que os incomodam.
Em carta a seu filho César, Nostradamus nos conta como ele entendia o fenômeno ESP: “Profeta, propriamente falando, meu filho, é aquele que vê as coisas distantes através do conhecimento natural de todas as criaturas. E pode acontecer que o profeta, usando a luz perfeita da profecia, faça aparecer, de modo manifesto, coisas divinas e humanas, porque não pode ser de outro modo, uma vez que o efeito das predições se estende através do tempo”. (Fontbrune, p.30].
Tempo, esta é a chave para começar a entender os fenômenos premonitórios. Tempo, esta é a dimensão que ainda não entendemos em plenitude e em todas as suas possibilidades.
É de se pensar que uma parte dos pretensamente sábios refuta o fenômeno premonitório porque de antemão essa parte já se deu por vencida na total incompreensão do tempo. Esses pobres e infelizes de espírito são capazes de aceitar com uma fé cega e resignação bovina as possibilidades científicas da viagem no tempo – para o passado e para o futuro – e igualmente, com a mesma facilidade, fé e resignação, são incapazes de entender a intuição que lhes chegam todos os dias depois de uma boa noite de sono.



91. As críticas à linguagem profética


Nas quadras examinadas neste livro, é limpa e transparente a visão de Nostradamus ao descrever batalhas e bombardeios num cenário quase sempre urbano. A guerra nas profecias aparece na destruição das cidades – uma infeliz tendência nos conflitos modernos – agora, não mais em campos de batalhas definidos e ou em longos cercos a castelos e burgos fortificados, como se fazia na época em que viveu o profeta. A guerra moderna é feroz e destrói populações inteiras em poucos segundos.
Nas profecias, as visões de Nostradamus cabem muito bem no novo conceito de guerra “sem sujar as mãos de sangue”. Guerras em que se usam armas de destruição em massa, atômicas, biológicas ou químicas. É o pecado sem rosto, estatístico, que fará o sono dos assassinos mais tranquilo, sem as assombrações dos olhos de suas vítimas a espreitá-los na insônia provocada pelos demônios da culpa.
Os detratores de Nostradamus e por fim, do fenômeno profético ou de premonição, têm o costume de desferir ataques à linguagem imprecisa que os profetas utilizam na descrição dos artefatos bélicos. O mais notável deles foi Voltaire (1694-1778), homem de gênio, com um orgulho intelectual maior do que a sua franzina pessoa e que desdenhou da fé até o dia em que se viu em seu leito de morte e pediu a clemência dos céus.
Voltaire no uso da jovem Filosofia, desprovida do conceito moderno de tempo e limitada ainda por parâmetros imperfeitos da Ciência nos seus primeiros passos, assim falava acerca da linguagem dos profetas: “Mas é difícil adivinhar ao certo se por Jerusalém os profetas entendem sempre a vida eterna; se Babilônia significa Londres ou Paris; se, quando falam de um grande banquete, devemos interpretá-lo como um jejum; se vinho tinto significa sangue; se um manto vermelho significa a fé e um manto branco, a caridade. A compreensão dos profetas tem tudo a ver com o esforço do espírito humano. É por isso que não vou dizer mais nada a respeito”. [Voltaire, p.432].
O deboche, feito no conhecimento limitado pela época em que se vive, esgota-se por si mesmo, e é por isso que Voltaire diz que não vai dizer mais nada a respeito dos profetas e profecias, porque ele não tinha mais elementos para continuar com a bazófia, reduto da vaidade dos que desconhecem os limites dos progressos científicos de sua época. Maroto e firme no propósito de atingir principalmente os profetas, judeus e católicos, a religião em si, Voltaire finge esquecer que a linguagem humana sempre se valeu de alegorias e comparações em todos os ramos de conhecimento. O filósofo poderia ter feito ciência e preferiu o caminho mais fácil, o ridículo de si mesmo. E quantos até hoje não seguem os mesmos passos de Voltaire? Quantos ainda hoje se deixam arrastar pelos falsos dogmas científicos, numa religiosidade e fé maiores do que se tinha na Idade das Trevas? Quantos cientistas deixam de fazer as pesquisas necessárias nesse campo do conhecimento humano simplesmente do medo que têm de ver suas “reputações” abaladas? – a Ciência existe para quebrar dogmas e paradigmas. Caso assim não fosse, Einstein passaria a sua vida toda trabalhando num escritório de patentes, com medo de apresentar ao mundo elementos questionadores de todas as verdades de Newton. Heisemberg (1901-1976) se entregaria ao ostracismo, encolhido no seu canto ao ter que dar caráter dual ao elétron, quebrando a mais sólida lei da Ciência até aquele momento, que era a total ausência da dúvida numa medida física.
O que quero dizer é que Nostradamus utiliza-se dos efeitos de um fenômeno sem, no entanto, conhecer quaisquer formulações teóricas sobre ele – se hoje pouco sabemos, imaginem como eram as coisas no século XVI. E mais, Nostradamus não foge às regras da linguagem profética e de forma comum aparecem em seus versos alegorias envolvendo lanças, espadas, fenômenos meteorológicos, como chuva, trovão, granizo etc. Tudo para descrever combates, carnificinas e desastres naturais – veterano artifício dos oráculos e que remonta aos profetas bíblicos e que é de uso corrente desde as mais primitivas religiões.
Portanto, pelo o que foi estudado, verifica-se que, no fenômeno profético, a linguagem é um meio e não um fim. Ela tem que chegar pronta para ser decodificada aos ouvidos das pessoas por meio de comparações ao que é comum a todos num tempo específico. Imaginemos uma situação hipotética como, por exemplo, se no século XVI, quando as Centúrias foram publicadas, Nostradamus tivesse mandado imprimir: “O presidente dos EUA mandou bombardear o inimigo com mísseis guiados por GPS”. Muito provavelmente nem mesmo o profeta saberia decodificar sua inovadora linguagem: a palavra “míssil” não existia e a ideia de tal foguete não fora concebida ainda. Para ele, somente seria possível descrever esses artefatos bélicos como algo parecido com lanças e que provocavam uma luz mais brilhante do que a do Sol, além de um estrago medonho.
Continuemos nesse exercício de imaginação: e se, por um problema qualquer, um homem instruído, tivesse entrado em coma no início da Segunda Guerra e dele acordado somente dez anos depois. Esse homem teria um nome para designar uma bomba atômica? – Certamente que não. Ao vê-la, ele a compararia com algo que conhecera antes do coma, uma grande granada de artilharia, por exemplo.
É sabido que na metade do século XVI, as armas comuns aos guerreiros eram a lança, o arco, a besta e a espada. As armas de fogo em bronze fundido figuravam nas batalhas como novidade ainda: caras, imprecisas e feitas à mão por ferreiros e armeiros: primárias ao extremo. Distinguiam-se entre essas novidades: os “pedreiros”, peças de artilharias de grosso calibre que disparavam pelouros (bolas) de pedra; os “canhões” de baixo calibre que atiravam pelouros de ferro; e as “colubrinas”, também com pelouros de ferro e que alcançavam distâncias maiores em relação aos outros armamentos.
Em Portugal, a grande potência dos mares na época, as bombas foram chamadas de “panelas de fogo” – simples utensílios de barro, usados normalmente para cozinhar, eram preenchidos de pólvora e, depois, arremessados contra o inimigo. Nada que se compare com os modernos armamentos de última tecnologia que temos agora. A coisa mais parecida com um fuzil era uma espingarda tosca, que maior estrago fazia ao atirador do que ao alvo. Os ferreiros ainda não dominavam técnicas de fabricação de bons canos de metal e culatras que normalmente explodiam no rosto do soldado. Nunca a expressão “o tiro saiu pela culatra” foi tão usada e com tanta propriedade!
Nas Centúrias também observamos a ausência de citações atribuídas a outrem ou a transcrição de diálogos, o que nos faz pensar que as visões de Nostradamus se faziam semelhantes ao que vemos num filme mudo. Ele havia desenvolvido a capacidade de ver o futuro, mas não a de ouvir as pessoas no futuro. Neste caso, e definitivamente, seria quase impossível ao profeta saber o nome daquilo que estava observando; a comparação de objetos do futuro com os objetos de seu tempo seria seu único recurso de linguagem descritiva.
Outra crítica que se faz a Nostradamus, e isso como médico, é que ele foi incapaz de reproduzir os progressos da medicina e farmacologia em sua época. Sabemos apenas, e superficialmente, que Nostradamus era um iniciado em Alquimia, algo muito natural para um médico do século XVI. O ofício de curar exigia de quem praticava a Medicina a manipulação dos medicamentos ministrados aos pacientes. Nos poucos registros confiáveis de Nostradamus como médico, há notícias de que ele desenvolveu um método eficaz para tratar os adoecidos pela peste, logo após sua própria família ser vítima dessa doença. Há também relatos que ele teria desenvolvido métodos higiênicos para a preservação de alimentos em conserva.
Com a Inquisição rondando as ruas, os alquimistas geralmente trabalhavam sozinhos, com códigos próprios para o registro de suas descobertas e métodos. As substâncias químicas eram manipuladas, porém a maioria dos nomes dessas substâncias não pertence à nomenclatura que os químicos usam nos laboratórios modernos. Na inglória busca pela pedra filosofal – substância mágica que teria a propriedade de transformar qualquer coisa em ouro –, ou da panacéia – remédio que curaria todos os males humanos –, ou ainda do elixir da juventude, os alquimistas denominavam o ácido etanóico, nosso vinagre, de acetum (azedo) e o etanol, álcool etílico, de “espírito do vinho”. A mistura de ácido muriático (“espírito do sal”, por ser obtido a partir do sal de cozinha) com o ácido nítrico (aqua fortis), na proporção de um para três, tinha o nome de Água Régia – a “água real” que magicamente conseguia fazer o que outros ácidos não faziam: atacar e dissolver o ouro:
“Surgiram os alquimistas que os escritores modernos tão facilmente desprezam, mas que foram os primeiros pesquisadores de nossa época. Achavam-se em contato íntimo com os fabricantes de vidro e artistas de metal e com os herboristas e curandeiros do tempo; investigavam e pesquisavam muitos segredos da natureza. Mas viviam obsedados por idéias ‘praticas’. (...) E perderam-se nesses e noutros sonhos vulgares semelhantes. Em suas investigações, incidentemente, aprenderam contudo muito a respeito de venenos, tintas, metalurgia e coisas desse gênero; descobriram várias substância refratoras e conseguiram o vidro claro e, deste modo, lentes e instrumentos óticos. (...) Estreitamente associados com os alquimistas vinham os astrólogos, estudiosos também da mesma ‘raça’ prática. Estudavam as estrelas – para ler a sorte e descobrir o destino.” [Wells, pp. 556, 557; 2V.].
Os métodos alquímicos de obtenção de substâncias beiravam ao bizarro, na queima de vísceras e ossos de animais, na maceração e redução de vegetais a cinzas, ou esmagamento de minerais; a terra e a pedra passavam pelo almofariz antes do uso nas formulações, quase todas secretas. Os instrumentos de pesquisa também eram curiosos, geralmente desenvolvidos pelo próprio alquimista. Entre eles, a de maior tecnologia era a retorta de destilação muito semelhante aos alambiques de cobre ou latão que podemos ver atualmente em fábricas artesanais de aguardentes e outra bebidas destiladas. Então, nos parece também impossível para um homem do século XVI, mesmo que excepcionalmente educado como Nostradamus, que cursara a universidade, "copiar" algum processo moderno de fabricação de medicamentos, mesmo o mais simples dos analgésicos que compramos na esquina de nossa rua para curar uma dor de cabeça ou para nos livrar dos inconvenientes de um simples resfriado.
No tempo da escuridão, outra forma de registro que Nostradamus poderia ter lançado mão para descrever suas visões seria o desenho ou esboços. Não sabemos de seu talento para esta arte e nunca vamos saber. Ele mesmo confessou que ateou fogo a vários códices e possivelmente suas anotações e segredos foram juntos com a mesma fumaça.
Agora, resta-nos apenas reforçar mais um argumento quanto à linguagem utilizada pelo oráculo francês. Felizmente temos a poesia que nos oferece infinitas possibilidades figuradas para descrever aquilo que normalmente a linguagem em prosa não alcança. Nostradamus sabia disso! – e como sabia! – A descrição, por exemplo, das revoltas no Egito e de resto no Norte da África, como colocadas nas quadras estudadas, hoje serviria como texto de fundo para uma reportagem de TV, tal a exatidão e riqueza de detalhes nela contidas.

92. Os profetas do “fim do mundo”


Todos os vaticínios, até mesmo os bíblicos, apontam para um longo período de sofrimento da humanidade e terminam anunciando um novo tempo de felicidade, em que não mais existiram aflições. O raciocínio é simples: para haver esse novo tempo, temos que renunciar às más práticas do tempo atual em que, definitivamente, nada conspira para a felicidade daqueles que, trôpegos, se arriscam neste grande vale da sombra da morte, permeado de sofrimento, ódio, guerras e injustiças. Portanto, há de se tomar cuidado com os “profetas” que fazem do fenômeno premonitório uma plataforma para interesses escusos e se utilizam da boa-fé dos crentes inclusive para conduzi-los a desatinos ou e até mesmo à morte.
O caso mais conhecido e triste do mau uso das profecias bíblicas aconteceu em 1978, com o polêmico líder religioso norte-americano Jim Jones (1931-1978) que, usando e abusando do discurso apocalíptico, levou à morte por envenenamento 918 membros de sua comunidade religiosa, incluindo mais de 270 crianças. Cerca de 400 corpos não identificados foram enterrados em Oakland (Califórnia). Ele mesmo se suicidou, certamente sabendo de suas mentiras.
As profecias são para a boa orientação dos que têm juízo e discernimento; dádivas de esperança aos que desejam um mundo melhor, um homem melhor, uma vida melhor. Qualquer outro uso que se faça das previsões do futuro que não seja para o bem pessoal ou da humanidade tem que ser visto como um sério desvio moral de quem a isso se propõe. Por isso, Nostradamus faz um alerta em latim para os mal intencionados que se aproxima de seus escritos:


LEGIS CANTIO CONTRA INEPTOS CRITICOS
Quos legent hosce versus mature censunto,
Profanum vulgus et inscium ne attrectato
Omnesq: Astrologi Blennis, Barbari procul sunto,
Qqui aliter faict, is rite, sacer esto.
[ORDEM DE ENCANTAMENTO CONTRA CRÍTICOS INEPTOS – Quem entender estes versos prontamente,/ Não é do vulgo profano e ignorante;/ Afastem-se os astrólogos ineptos e bárbaros,/ Que em outro incitamento este rito é sagrado!].

93. A caixa de Euclides


Compactuo contigo revoltas
Contra esse mundo cúbico
A nos limitar a criatividade,
A nos por freio à imaginação.


São dois mil e trezentos anos
Sobre os nossos pobres ombros
Que dizem de nossa infelicidade
Axiomática e tridimensional.


Três vezes maldito é Euclides
Que nos prendeu nessa caixa
Sem as medidas do espírito!


Ah, se tal geômetra fosse poeta,
Ele teria explicado a geometria
Nas dimensões de nossas almas!

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Em 1540, já havia a previsão de extraterrestres disfarçados entre os humanos e que eles dominariam o mundo

60. A invasão dos “carecas iluminados”

Présage LII. Iuillet.
Longue crinite leser le Gouuerneur,
Faim, fieure ardante, feu et de sang fumée:
A tous estats Iouiaux grand honneur,
Sedition par Razes allumée.
[Quando o grande cometa ferir aquele que governa, fome, doenças, fogo e sangue em profusão. Fim das riquezas, o tumulto e a revolta popular serão provocados pela vinda de carecas de pele iluminada. – Francês: sedition, sedição, tumulto popular; ras, adjetivo que significa pelado, sem pelo, careca, pronuncia-se /razê/].

            Pedimos licença ao leitor para mais um exercício de ficção científica, já que nos faltam acontecimentos históricos ou atuais que expliquem satisfatoriamente esse presságio e as quadras seguintes, as quais contêm coisas nunca antes experimentadas pela humanidade. É possível que Nostradamus esteja falando de seres extraterrestres. O risco de um cometa ferir deliberadamente alguma pessoa em terra é praticamente inexistente, logo temos que procurar dentro daquilo que hoje seja conhecido, algo que flutue no céu e que possa atingir um homem na terra, um avião ou helicóptero, por exemplo. Porém, já estamos acostumados com aviões e helicópteros, portanto ninguém mais se assusta com eles a tal ponto de sair pelas ruas gritando em frenético desespero – a não ser que eles nos ataquem. A palavra sedição significa um grande tumulto popular. Somente algo bem diferente ferindo as pessoas na terra poderia causar tal sedição – uma nave espacial, talvez.
            Agora, como são maus e estranhos esses “pelados iluminados” que vão provocar tantos horrores em nosso planeta, com fome, fogo, doenças e sangue esparramado! – está legal, o leitor já deve ter visto algum filme parecido, pois eu também! – Mas, vamos adiante com os carecas do mal, morto o anticristo, eles é que estarão no comando:

IV.66
Sous couleur fainte de sept testes rasces,
Seront semez diuers explorateurs:
Puys et fontaines de poisons arrousees,
Au fort de Gennes humains deuorateurs.
[Sob a falsa aparência de sete raças testadas, serão semeados diversos exploradores: poços e fontes polvilhados com venenos, na fortaleza estão os devoradores dos genes humanos].

            Essa quadra oferece-nos várias possibilidades de tradução, uma delas é a que foi apresentada, com a palavra race no sentido de raça ou linhagem. Outra seria separar a palavra rasces em ras e ces; assim, o primeiro verso ficaria: “sob a falsa aparência desses sete carecas”. Mas, por qualquer tradução que se opte, a ideia presente nos parece ser a introdução de seres que serviriam de espiões entre os humanos. A palavra francesa couleur também tem por significado: o colorido da face, tinta ou material corante. Esses seres, resultado de sete experiências genéticas, espalhariam veneno nos poços e fontes de água para eliminar a humanidade, com os rostos “maquiados” para se fazerem de humanos. E por último, esses devoradores dos genes ou do gênero humano, quando não empenhados em alguma tarefa, estariam bem protegidos numa fortaleza.

V.60
Par teste rase viendra bien mal eslire,
Plus que sa charge ne porter passera.
Si grande fureur et rage fera dire,
Qu'à feu et sang tout sexe trenchera.
[Pela cabeça careca será difícil deixar se seduzir, mais que sua carga ele não poderá carregar: tão grande furor e de raiva irá dizer, que ao fogo e ao sangue todo sexo entregará].

            O “cabeça raspada” vai querer, num primeiro momento, seduzir a humanidade, mas ele não terá encantos suficientes para tal – talvez queira nos escravizar. Sua nave não suporta muita carga (para prender os humanos). Ele será tomado de fúria, e entregará à morte os que desejarem procriar.

I.88
Le diuin mal surprendra le grand Prince,
Vn peu deuant aura femme espousee,
Son appuy et credit à vn coup viendra mince,
Conseil mourra pour la teste rasee.
[A ira de um deus surpreenderá o grande governante, pouco antes dele se casar, ele perderá apoio e confiança de repente: alerta, ele morrerá por causa de cabeças raspadas].

            Esse será, talvez, o fato subsequente à invasão desses seres, eles tomam o poder sobre os homens com a morte de seu governante maior, o anticristo. Depois da histeria coletiva com a visão da grande nave, o anticristo tentará um acordo com os de “cabeças raspadas”, mas enfrentará a desconfiança do povo e perderá o seu apoio, calcado no medo. Juntemos essa quadra com a última da segunda parte deste livro e teremos a história toda da Terceira Guerra e do anticristo montada, detalhe por detalhe. Assim, dessa maneira construída, a epopeia do poeta Nostradamus começa a ter uma linha do tempo e, portanto, sentido.


61. Resumo: as guerras, o anticristo e os “carecas”

            Nostradamus nos fala de duas guerras ainda por se concretizarem. A primeira, com uma duração de pouco mais de três anos, será marcada pela invasão dos árabes, persas e turcos ao continente europeu. Os motivos serão econômicos com desdobramentos a partir do terrorismo e ataques – sabotagem – a alvos estratégicos, com uma ou mais explosões de artefatos atômicos e uso de substâncias químicas e biológicas para a destruição de populações. Boa parte do que está acontecendo agora no Norte da África e Oriente Médio servirá de argumento e estopim para esse novo conflito.
            Cessada essa curta guerra, outra maior vai envolver toda a humanidade. A Terceira Guerra, com duração de 27 anos, tempo suficiente para os homens esquecerem até mesmo por que estão brigando. Na mais curta, o anticristo estará em ascensão. Porém, na terceira ele já vai estar em posição de comando. Pelas quadras interpretadas, é bem possível que ele esteja no comando do Ocidente em nova guerra com o Oriente; inicialmente, as pessoas não se darão conta que estão sendo comandadas pelo “maior inimigo da humanidade”, mesmo ele portando características físicas bem marcantes. Socialmente, existirão dois grupos vivendo sobre a terra, um deles modificado geneticamente.
            As duas guerras somadas vão reduzir a humanidade a número mínimo de indivíduos, pela fome, alterações climáticas críticas e doenças. Isso sem contar as vítimas diretas nos bombardeios sobre as cidades e nos campos de batalha. Poucos devem sobreviver reunidos em povoados isolados próximos ao polo Norte. É de supor que o hemisfério Sul também sofrerá com as guerras e alterações climáticas, porém com efeitos menos danosos.
            No último ano dessa longa guerra, o anticristo morrerá e tudo parecerá rumar para um final feliz. Porém, os autores do assassinato, os seres com características incomuns aos humanos, tentarão dominar o planeta e sua população, ou pelo menos, a parte que restou disso tudo. Pelo que descreve Nostradamus, parece que já estamos sendo vigiados por eles, donos de uma tecnologia bem superior a nossa.
Nos capítulos seguintes, vamos destacar algumas instituições e outras personagens menores que estarão atuando em nosso futuro próximo ou ainda muito distante.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Nostradamus e a Terceira Gerra - Norte da África, o epicentro

19. As causas da Terceira Guerra

            Ao examinarmos este grande épico às avessas que são as Centúrias, podemos observar que certos fatores, como de ordinário para outras guerras, contribuem sobremodo para a criação do clima de animosidades entre os países e decorrente Terceira Guerra. Em nosso entendimento, quatro são os pontos chaves nas previsões deste evento:

Economia – falência do mundo financeiro;
Meio ambiente – aquecimento global e uma sucessão de eventos catastróficos;
Crise energética – alta nos preços do petróleo;
Política – falhas na diplomacia e manutenção da paz.

            É evidente que esses fatores não atuam sozinhos, todos concorrem para um panorama de crise global nunca antes experimentada pela humanidade. Assim, a falência do mundo financeiro está relacionada com o aquecimento global, a alta nos preços do petróleo e com a política desenvolvida pelas nações. Todos esses itens misturam num emaranhado de único e frágil fio de lã. Acontece que o fio pode arrebentar e desencadear a sucessão dos eventos que determinarão a guerra, conforme veremos nas Centúrias.
            Sobre os problemas econômicos, em especial os macroeconômicos, mercado financeiro e de capitais, já tivemos oportunidade de adiantar alguns aspectos no capítulo anterior. Quanto aos outros três pontos, vamos examiná-los com mais paciência nos próximos capítulos. Fiquemos por enquanto com essa quadra que, em outras palavras, nos diz que a paz sempre foi efêmera:


II.40
Vn peu apres non point longue interualle,
Par mer et terre sera faict grand tumulte:
Beaucoup plus grande sera pugne nauale,
Feux, animaux, qui plus feront d'insulte.
[Pouco depois do intervalo não muito longo, por terra e mar será um grande alvoroço: as batalhas navais serão as mais importantes, a ferocidade será maior do que a própria guerra].


20. Meio ambiente: o aquecimento global

Présage  XLI. Iuillet.
Predons pillez chaleur, grand seicheresse,
Par trop non estre. cas non veu, inoui:
A l'estranger la trop grande caresse,
Neuf pays Roy. l'Orient esblouy. 
[Os ladrões farão pilhagens durante uma longa seca, que constituirá um acontecimento jamais visto. Os países estrangeiros serão tratados com pouca energia. O Oriente seduzirá nove países].

            A grande seca nos parece ser decorrência dos desequilíbrios de temperatura na superfície terrestre, ao qual chamamos de aquecimento global. Seca e fome têm que ser conjugadas sempre juntas. Logo, as pilhagens serão proporcionais ao tamanho da seca e da fome. E numa louca tentativa para salvar a economia mundial, movidos mais por medo do que por convicções políticas, nove países do Ocidente se deixarão seduzir pelo Oriente, no caso, a China com mais de 1,3 bilhão de habitantes, prontos para deixarem suas fronteiras em busca de meios de sobrevivência. Essa equação nos parece simples: a soma de seca com fome e penúria tem por resultado a guerra.
            Essa grande seca, a qual se refere Nostradamus, e seus efeitos estão presentes em quase todas as quadras e presságios que tratam da Terceira Guerra e seus desdobramentos. Portanto, é necessário que façamos aqui um breve estudo das atuais condições climáticas para verificarmos o grau da possibilidade imediata desse acontecimento catastrófico.
            O aquecimento global é decorrente da junção de vários outros fatores relacionados ao meio ambiente, como por exemplo, o efeito estufa, com uma concentração além do normal de gases na atmosfera que aprisionam calor sobre a superfície terrestre. Mas não é só isso, junto ao fenômeno do efeito estufa também está o aparecimento de buracos na camada de ozônio, o que nos deixa vulneráveis aos efeitos nocivos da radiação ultravioleta emitida pelo Sol.
            Esses fenômenos, sentidos com maior intensidade a partir do final do século passado, são causados diretamente pelo homem, com o aumento da poluição verificada a partir da Revolução Industrial, ocorrida nos meados do século XVIII. A indústria trouxe o progresso para o mundo e permitiu o atual estágio em que vivemos. O problema é que o nosso suposto conforto, obtido com esse não menos suposto progresso, aponta para danos terríveis à natureza. A desertificação é um sinal claro que o nosso modo de vida está afetando o meio em que vivemos. De acordo com dados doWorldwatch Institute, cerca de 15% da superfície terrestre sofre algum tipo de desertificação – com a redução da vegetação e capacidade produtiva do solo. Coloquemos nessa conta de subtração, as chuvas ácidas, a poluição do solo e das águas, o desmatamento, a erosão e teremos um quadro nada promissor para a saúde do planeta.
            O aumento de 1º Celsius na temperatura média da terra é suficiente para alterar o clima de várias regiões e, segundo os cientistas que apresentaram trabalhos no Painel Intergovernamental Sobre Mudança no Clima (IPCC) das Nações Unidas, o século passado foi o mais quente dos últimos 500 anos, com aumento da temperatura média entre 0,3 ºC e 0,6 ºC. Ora, somos forçados a apontar novamente a falta de parâmetros para Nostradamus fazer suas previsões, principalmente no que se refere ao clima. Pelo que sabemos, em sua época, nem mesmo o termômetro havia sido inventado. O primeiro termômetro só apareceria em 1592, exatos trinta e seis anos depois da morte do profeta, inventado por Galileu Galilei (1564-1642).
            No século em que viveu Nostradamus e nos anteriores a ele, não existem registros de seca ou crise agrícola, muito pelo contrário, o século XVI foi de superprodução na Europa. “No século XVI a elevação generalizada dos preços e a conseqüente propensão a investir levaram a um crescimento da produção, que no século XVII estava acima da possibilidade de absorção do mercado”. [Franco Júnior & Chacon, p.132]. Além disso, o período de maior fome na Europa (1315-1317), portanto, 200 anos antes do nascimento de Nostradamus, foi causado pelo excesso de chuvas, que não permitiam a germinação das sementes dos cereais, elas simplesmente ficavam podres.
            Mas, voltemos ao nosso fértil solo, às profecias de Nostradamus, e poderemos verificar que outros fenômenos podem concorrer com o aquecimento global, inclusive para aumentá-lo, como por exemplo, o deslocamento dos pólos magnéticos em relação ao eixo terrestre, ou ainda, a alteração na inclinação desse eixo:

I.56
Vous verrez tost et tard faire grand change,
Horreurs extremes et vindications:
Que si la Lune conduite par son ange,
Le ciel s'approche des inclinations.
[Mais cedo e mais tarde você vai ver grandes mudanças, horrores extremos e vinganças: e se a Lua tivesse sido levada por seu anjo. O céu se aproxima das inclinações].

            Um claro aviso de Nostradamus sobre os horrores da guerra e uma mudança generalizada nas coisas que afetam o nosso planeta. O céu e a Lua, símbolos da constância estariam em desacordo com o que se espera deles. A Terra mergulhada em tal escuridão (o anjo da morte) que nem se pode mais ver a Lua. O eixo terrestre estará muito inclinado devido aos desastres naturais, terremotos e vulcões e até mesmo grandes explosões atômicas:

IV.30
Plus unze fois Luna Sol ne vouldra,
Tous augmenté et baissez de degrez:
Et si bas mis que peu or on coudra,
Qu'apres faim peste, descouuert le secret.

[Por mais de onze vezes Lua e Sol desaparecerão, tudo aumentado e diminuído de grau: colocados tão embaixo que até o ouro escurecerá. Depois da fome e da peste, descoberto será o segredo]. (Leia o capítulo completo aqui: http://nostradamusprofecia.blogspot.com.br/p/a-iii-guerra_6.html)

quarta-feira, 13 de março de 2013

Nostradamus aponta papa alemão, mas que não nasceu na Alemanha, como o restaurador da Igreja

V.74
De sang Troyen naistra coeur, Germanique
Qui deuiendra en si haute puissance:
Hors chassera estrange Arabique,
Tournant l'Eglise en pristine preeminence.
[De sangue troiano nascerá de coração germânico, que se tornará de tal modo poderoso: rechaçará gente estrangeira arábica. Voltando a Igreja à primitiva preeminência].


Nesta quadra, Nostradamus identifica um papa de sangue troiano, ou seja, de um país que tem suas origens no antigo Império Romano pois, de acordo com a mitologia greco-romana registrada por Homero na Ilíada e Vergílio na Eneida, o povo romano descende de Eneias, grande chefe troiano. Logo, o novo papa poderia ser alguém que fosse de origem desse império ou de povos que têm sua língua originada na latina, caso da língua portuguesa, considerada como o latim moderno.
Mais um atributo desse papa de Nostradamus, seria seu coração germânico, ou seja, alguém com fortes ligações sentimentais com a Alemanha. Embora não se saiba se Nostradamus se referia ao papa que está sendo escolhido em nossos dias, o cardeal brasileiro Dom Odilo Scherer caberia perfeitamente nesta descrição, pois descende de alemães e nasceu no Brasil, pátria de língua de origem latina, fundada pelos lusitanos, que estiveram sob o domínio romano. Não nos esqueçamos que, pela idade, o cardeal brasileiro ainda pode participar de pelo menos mais um Conclave

O PAPA NEGRO

PS: Com a eleição de Francisco, parece-nos claro que Nostradamus não se referia a este papa nesta quadra. Embora possua sangue troiano, de origem italiana, embora Argentino. Para o coração germânico não temos maiores referências, a não ser que se considere as características de determinação e espíritos de ordem e obediência desse povo, comum aos ideais dos Jesuítas. Aqui, carecemos ainda de uma análise mais aprofundada das teorias conspiratórias relacionadas à essa ordem desde sua criação por Inácio de Loyola e do papel do Papa Negro.  

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Um novo papa de sangue troiano e que vai fazer a igreja voltar às origens



62. Igreja Católica voltará às origens

            Nostradamus demonstra grande interesse pelas questões da Igreja Católica. Nas Centúrias encontramos dezenas de vaticínios sobre a Igreja, com destaque para os papas e seus pontificados. O interessante é que o centro das atenções do profeta não se concentra na doutrina ou muito menos em questões teológicas. Interessa para ele como os eclesiásticos católicos estão dirigindo a Igreja e seus comportamentos a mais das vezes em desacordo com os princípios cristãos. Para Nostradamus, a Igreja Católica passará por crises morais constantes até chegar o momento em que desaparecerá como a instituição que detém o monopólio das almas neste planeta. As ideias de Nostradamus são semelhantes às teses dos que desejavam a reforma da Igreja em sua época, muitas delas próximas do pensamento dos primeiros luteranos e calvinistas.


VI.9
Aux sacrez temples seront faicts escandales,
Comptez seront par honneurs & loüanges:
D'vn que on graue d'argent d'or les medalles,
La fin sera en tourmens bien estranges.
[Nos templos sagrados escândalos serão praticados, eles serão contados como homenagens e comendas: em um dos quais gravam moedas de prata e de ouro medalhas, o fim será em tormentos muito estranhos].

            Nostradamus questiona o futuro das religiões e aponta seus desvios. Os escândalos virão por meio do dinheiro obtido no comércio da fé. Chegará o momento em que tudo isso terá fim. Esse fato será provocado por entes estranhos às igrejas – a expressão “templos sagrados” parece-nos proposital por não se referir a uma única religião que desenvolve essas práticas.


I.4
Par l'vnivers sera faict vn monarque,
Qu'en paix et vie ne sera longuement:
Lors se perdra la piscature barque,
Sera regie en plus grand detriment.
[Para o universo será feito um monarca, mas que não viverá muito tempo em paz. Será quando o barco do Pescador se perderá, regida pelas maiores calamidades].

            A humanidade vai fabricar um novo monarca para conduzir uma igreja artificial. Talvez outra instituição religiosa de caráter universal. Essa tentativa não terá muito sucesso porque será resultante de uma doutrina fraca e questionada. Neste tempo, o trono de Pedro será sacudido por grandes calamidades e a Igreja Católica se perderá até que ela ressurja na sua forma pura:


V.74
De sang Troyen naistra coeur, Germanique
Qui deuiendra en si haute puissance:
Hors chassera estrange Arabique,
Tournant l'Eglise en pristine preeminence.
[De sangue troiano nascerá de coração germânico, que se tornará de tal modo poderoso: rechaçará gente estrangeira arábica. Voltando a Igreja à primitiva preeminência].

            Um poderoso papa, com simpatias pela Alemanha, irá expulsar os árabes do continente europeu. Nesta época, a Igreja recupera sua antiga grandeza. Muitos interpretam esta quadra como sendo a volta da igreja aos seus princípios doutrinários e verdadeiramente cristãos propícios ao ecumenismo.
            Essa fixação de Nostradamus pela Igreja, com linguagem figurada e cheia de rodeios, como já foi adiantado neste livro, se explica pelo poder que os religiosos gozavam em seu tempo, decidindo sobre a vida ou a morte de uma pessoa em processos inquisitórios. Nostradamus sabia que andava sobre uma corda bamba. O fato de ser médico, alquimista e profeta o transformava num suspeito de cometer heresias. Ao se colocar como uma pessoa preocupada com os destinos do catolicismo e sem, aparentemente, tocar em pontos polêmicos e doutrinários, Nostradamus construía para si álibis para possíveis processos.
            Para nosso estudo, a citação dos papas e fatos relativos à Igreja é um instrumento auxiliar na definição de datas ou períodos de realização de outras profecias. Desobrigo-me, portanto, de tecer considerações teológicas, em respeito ao credo de cada um, mas não posso deixar de comentar o que foi escrito pelo profeta, no que diz respeito à religião:

II.8
Temples sacrez prime façon Romaine,
Reietteront les gofres fondements,
Prenant leurs loix premieres et humaines,
Chassant non tout des saincts les cultements.
[Templos à maneira romana; eles rejeitarão os excessos fundamentalistas, tirando as primeiras leis de inspiração humana, não perseguindo todos aqueles que cultuam santos].

            Essa quadra que revela como será a nova igreja, com templos se utilizando da arquitetura romana, muito mais simples em relação aos de inspiração gótica das igrejas da Idade Média e que determinaram a arquitetura católica dos séculos seguintes. Uma revisão nos livros sagrados será feita, retirando-se deles tudo aquilo que for de inspiração humana, principalmente as doutrinas fundamentalistas e intransigentes que geralmente provocam a intolerância religiosa. É de se observar que alguns crentes ainda cultuarão santos, ou seja, estarão apegados aos ritos religiosos antigos, porém, não serão perseguidos por causa disso.


III.2
Le diuin Verbe donra à la substance,
Côpris ciel, terre, or occult au laict mystique:
Corps, ame esprit ayant toute puissance,
Tant soubs ses pieds comme au siege Celique.
[A palavra divina é dada à matéria, será o adubo do céu na Terra, o ouro escondido no leite místico: alma, espírito com toda a energia, o homem terá tudo sob seus pés como se estivesse no céu – Latim:copros, adubo].
IV.25
Corps sublimes sans fin à l'oeil visibles,
Ob nubiler viendront par ces raisons:
Corps, front comprins, sens chefs & inuisibles,
Diminuant les sacrees oraisons.
[Os olhos percebem uma infinidade de corpos suspensos no ar; haverá deslocamento pela força do pensamento: corpos, compreendidos pelo frontal, sentindo o chefe invisível, diminuindo as orações sagradas].
            Como prometi, deixo ao leitor a interpretação desses versos para não me meter em teologias. A quadra III.2 referente à descrição de como seria encarada a fé em tempos futuros e a IV.25, que parece tratar dos poderes que o homem alcançará ao aprender usar áreas ociosas do cérebro; a sua capacidade de levitar e de mover corpos somente com o pensamento, sem precisar orar ou rezar muito para entrar em sintonia com o Divino.

A fuga e a morte do papa


56. O grande “cometa”, fuga e morte do papa

            Por enquanto, deixemos o anticristo de lado, porque no mesmo tempo em que ele nasce, trabalha e governa outras coisas estarão acontecendo ao seu redor. Uma dessas coisas é o aparecimento de um grande “cometa” que ficará muito tempo visível no céu.
            Talvez, com exceção daquele que guiou os reis magos à manjedoura, os cometas sempre foram vistos como portadores de mau agouro. “Astro este que passa vulgarmente como anunciador de morte aos soberanos”, nos revela o historiador Suetônio, ao comentar as superstições do imperador Nero. Essa crença parece ter resistido e sobrevivido até mesmo à Idade Média chegando até nós: "Quando morrem os mendigos não aparecem cometas. Os céus somente se inflamam na morte dos príncipes", escreveu o bardo Shakespeare (1564-1616), em sua obra “Júlio César”.


II.41
La grand' estoille par sept iours bruslera,
Nuee fera deux soleils apparoir:
Le gros mastin toute nuit hurlera,
Quand grand pontife changera de terroir.
[O cometa brilhará por sete dias. O céu mostrará dois sóis; o chefe inglês vai berrar a noite toda quando o papa mudar de país].

II.15
Vn peu deuant monarque trucide,
Castor Pollux en nef, astre crinite:
L'erain public par terre et mer vuidé,
Pise, Ast, Ferrare, Turin terre interdicte.
[Pouco antes do sagrado monarca morrer, Castor e Pólux, gêmeos no comando quando o cometa aparecer no céu: o dinheiro público será roubado na terra e no mar; Pisa, Asti, Ferrara e Turim serão lugares interditados. – Latim: crinita stella, estrela cabeluda, cometa].



VI.6
Apparoistra vers le Septentrion
Non loing de Cancer l'estoille cheuelue:
Suze, Sienne, Boëce, Eretrion,
Mourra de Rome grand, la nuict disperue.
[Um cometa aparecerá da direção da Ursa Menor, não muito distante de Câncer (21 de junho): Susa, Siena, Beócia e o Mar Vermelho tremerão, o grande homem de Roma morrerá quando o cometa desaparecer na noite. – Latim: septentrio, septentriones, constelação de sete estrelas, Ursa menor, perto do polo Norte].

            Pelo jeito, esse “cometa” que, de tão grande, brilhará na luz do dia, vai trazer muitas transformações ao planeta e não só na vida da Igreja, com a fuga e morte do “sagrado monarca”. Aqui temos também uma referência mitológica, Nostradamus fala-nos que o “cometa” virá quando o Sol estiver em Gêmeos e Castor e Pólux no comando do mundo. Na mitologia greco-romana, esses dois entes trazem a singularidade de serem gêmeos, compartilham da mesma mãe, mas, no entanto, são filhos de homens diferentes. Um é imortal e o outro é um mortal comum. Ao morrer Castor, Pólux pede a Zeus para deixar seu irmão compartilhar com ele a imortalidade. Zeus concorda com o pedido e os dois são transformados na Constelação de Gêmeos. O Sol aparece em Gêmeos entre 21 de maio e 20 de junho. Esse cometa deve estar no céu provavelmente no último decanato de Gêmeos, posto que na outra quadra, Nostradamus diz que isso se dará perto da entrada do Sol em Câncer, 21 de junho, na direção da Ursa Menor. Portanto, estamos nos referindo ao mesmo “cometa” nessas quadras.
            Quanto ao dinheiro público que nos fala Nostradamus, roubado na terra e no mar, é uma informação que pouco nos ajuda – porque isso é tão banal em nossos dias! – mas deve ser em grande quantidade, muito além do que ordinariamente é subtraído aos contribuintes!
            Dentre as outras catástrofes, temos um grande terremoto que vai atingir a região do Mar Vermelho, Grécia e Itália, com várias cidades ficando interditadas.
            A desavença de Roma, que fará o papa mudar de país, será com a Inglaterra, já que um “chefe inglês vai berrar durante a noite toda”, incomodado que estará com tal atitude do Santo Padre.